
A Junta Comercial do Rio Grande do Sul (Jucis) recebeu neste ano 136 pedidos de recuperação judicial , enquanto que, no mesmo período do ano passado, foram registrados 106 pedidos. Já em 2023, chegaram ao órgão 55 solicitações. Os números, à primeira vista preocupantes, devem ser avaliados conforme a metodologia que é utilizada . A diretora da Biolchi Empresarial, Juliana Biolchi, lembra das limitações de fontes para análise.
O Serasa, exemplifica, não divulga dados nacionais desde o mês de abril. Já a Junta Comercial calcula a quantidade de CNPJs que tiveram a anotação em recuperação judicial. “Entretanto, no procedimento metodológico da Jucis, quando há a entrada de um pedido de recuperação judicial, não existe um processo para cada CNPJ. É possível fazer o mesmo processo para um grupo de empresas, uma ação com vários CNPJs”, observa. No comparativo com os dados do ano passado, não é possível avaliar, com precisão, o aumento dos casos de recuperação judicial . “Podemos dizer que aumentou o número de empresas individualmente consideradas em RJ.
Isso faz uma grande diferença”, salientou. A advogada lembra que o escritório foi o responsável por uma recuperação judicial de um grupo no Estado que tem oito CNPJs. “Talvez este caso tenha, de alguma maneira, contribuído para essa estatística ser maior que a do ano passado. Não desqualifico o aumento, mas faria essa reserva sobre esses números”, sustenta, ao lembrar que, por outro lado, não são registrados os produtores rurais, que têm a opção de atuarem ou como pessoa física. A especialista coordena o Observatório Brasileiro de Recuperação Extrajudicial (Obre), criado com o objetivo de construir e consolidar um banco de dados nacional sobre recuperação extrajudicial (RE).
Estas, por sua vez, diminuíram do ano passado para este, embora ainda não haja dados fechados sobre o ano de 2025. “Podemos dizer, com tranquilidade, que temos uma certa estabilidade em recuperações extrajudiciais”, destaca. Juliana se ressente, no entanto, da cultura das empresas, no Rio Grande do Sul, de não se valerem do modelo, um remédio eficaz que evita a subida para o Judiciário. “A judicialização é uma característica aqui, de buscar o Judiciário para resolver seus problemas, inclusive de crises no negócio”, ressaltou. A advogada lembra que, no ano passado, houve uma grande explosão em recuperações extrajudiciais, envolvendo R$ 27 bilhões, sendo que neste ano, foram somados R$ 21 bilhões. Os casos, segundo ela, estão ficando cada vez maiores e mais complexos, o que indica que o instituto está amadurecendo. O Observatório ainda levantou que há recorrência de apenas 6% de recuperações extrajudiciais se tornarem judiciais.